Defensoria Pública reúne empreendedores afetados pela Braskem em audiência pública

Defensoria Pública reúne empreendedores afetados pela Braskem em audiência pública

A Defensoria Pública do Estado de Alagoas (DPE/AL), por meio do Núcleo de Proteção Coletiva, realizou na última quinta-feira (29) uma audiência pública com empreendedores impactados pela mineração da Braskem em Maceió. O encontro aconteceu no Campus I do Centro Universitário Cesmac, no bairro do Farol.

 

Conduzida pelo defensor público Ricardo Antunes Melro, a audiência contou com a parceria da Associação dos Empreendedores e Vítimas da Mineração em Maceió e do Cesmac. O objetivo foi dar voz aos comerciantes afetados — empresários, microempreendedores, ambulantes, trabalhadores informais e pequenos prestadores de serviço — que tiveram suas vidas e negócios profundamente prejudicados pela atividade mineradora. Estiveram presentes representantes de diversas áreas: do Bom Parto ao Flexal, tanto os incluídos no mapa oficial de desocupação quanto os que vivem na “borda invisibilizada”, igualmente impactados, mas muitas vezes esquecidos.

 

Os relatos expuseram um cenário de abandono: dificuldades financeiras, problemas de saúde mental e a sensação de desamparo por parte da mineradora e do poder público.

 

“Resido na Vila Saem há 40 anos. Tenho uma padaria e venho enfrentando muitas dificuldades. Fui muito afetado pela mineração da Braskem, principalmente na saúde. Meu movimento acabou. Antes, entre a Vila Saem e o Farol, havia 11 padarias; hoje, só resta a minha. Abro às cinco da manhã e fecho às nove da noite, mas não aparece ninguém, está tudo abandonado”, desabafou o comerciante José Alberto de Oliveira.

 

Para o defensor público Ricardo Melro, os depoimentos demonstram a gravidade da situação e a falta de reparação efetiva. “Se eu pudesse resumir todas as falas de hoje em uma palavra, seria: PERVERSIDADE. As pessoas estão passando necessidade, sem conseguir pagar as contas, sem conseguir dormir, adoecendo. É isso que estamos vendo”, afirmou.

 

Melro também destacou a situação dos empreendedores localizados fora da área de desocupação oficial, mas que continuam sofrendo os impactos econômicos e sociais da tragédia. “Imagine um pequeno negócio tentando sobreviver sem os cerca de 60 mil consumidores que foram obrigados a sair. É perverso”, lamentou.

 

A Defensoria Pública está reunindo os relatos, documentos e dados contábeis apresentados pelos empreendedores para embasar novas ações judiciais. “A Justiça precisa agir com firmeza para garantir o que determina a Constituição: a reparação integral. E é isso que vamos levar novamente às barras da Justiça. Precisamos do Poder Judiciário”, reforçou o defensor.

 

Empreendedores que desejam contribuir com informações e documentos sobre os prejuízos causados pela mineração podem enviar os materiais para o e-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.. Também é possível buscar orientações e informações diretamente no Núcleo de Proteção Coletiva da Defensoria Pública, localizado na Rua Rita de Cássia, Gruta de Lourdes (esquina com a Algas), de segunda a sexta-feira, das 8h às 14h.